Lei que garante cirurgia metabólica como alternativa para
tratamento da diabetes tipo II completa um ano
O Distrito Federal é a primeira
unidade da Federação a realizar a cirurgia metabólica para o diabetes na rede
pública de saúde. Desde julho de 2019, quando o procedimento passou a ser feito
na capital federal pelo Sistema único de saúde (SUS), 14 pacientes já fizeram a
operação e outros 1,4 mil estão sendo preparados para se submeter à intervenção
que controla a doença, quarta causa de mortes no Brasil.
Considerada uma alternativa para
a o tratamento da diabetes tipo II, a cirurgia metabólica é garantida por Lei,
sancionada em julho de 2019, a Lei Nº 6.343/2019 de autoria do deputado
distrital Hermeto, prevê a cirurgia metabólica como opção terapêutica para
melhorar e aumentar a expectativa de vida dos portadores da Diabetes Mellitus
Tipo 2.
“A criação desta Lei foi pensada
para melhorar a qualidade de vida de pessoas portadoras de diabetes tipo II, é
uma honra poder contribuir com este processo que pode transformar a vida de
quem precisa. ” deputado Hermeto
As primeiras cirurgias foram
realizadas no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), mas o hospital de
referência é o Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Todos os procedimentos
passarão a ser feitos lá quando acabar a pandemia de Covid 19.
A operação é indicada para quem tem diabetes tipo 2, quando o
pâncreas não produz insulina suficiente para manter as taxas de glicose normais
no sangue. Trata-se de uma doença adquirida e, normalmente, está relacionada a
sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos
alimentares inadequados.
Se o pâncreas do paciente não
funcionar mais – o que acontece quando a pessoa nasce com diabetes ou fica
muitos anos sem procurar tratamento –, a cirurgia não é indicada. “Não mexemos
no pâncreas durante a intervenção. Ela é feita no estômago e no intestino de
forma a modificar o trânsito do alimento, fazendo com que o organismo absorva
menos glicose, o que já diminui os índices glicêmicos. Isso também estimula a
produção de insulina pelo pâncreas”, explica o médico Renato Teixeira,
coordenador do Serviço de Cirurgia Metabólica da Secretaria de saúde.
“Se o pâncreas não produz
insulina a cirurgia não adianta”, salienta.
O objetivo do procedimento é
controlar o diabetes. Renato Teixeira afirma que a grande maioria dos pacientes
não precisa usar mais medicamentos após o procedimento, seja insulina ou
remédios orais. “Em um pequeno percentual ainda é necessário o uso de
medicamentos. Mas tem paciente que toma medicamentos e mesmo assim a glicose
não fica sob controle. A cirurgia é para esses”, diz. “Porque o grande perigo
do diabetes é essa falta de controle, que pode levar o paciente à morte”,
ressalta.
Risco de morte
A taxa de glicose normal, medida
em jejum, pode variar entre 70 e 100. Se a glicemia em jejum der acima de 140
por mais de uma vez ou for acima de 200 uma única vez o paciente já é
considerado diabético. A glicemia de jejum costuma ser feita em campanhas contra
o diabetes por ser mais simples. Basta furar o dedo.
Mas, diagnósticos normalmente são
feitos depois de um exame chamado dosagem de hemoglobina glicada, que
estabelece um parâmetro melhor, pois faz uma média de três meses da taxa.
Glicemia acima de 300 pode tornar o sangue muito ácido e causar cetoacidose
diabética, o que pode levar o paciente ao coma e à morte.
Preparação
psicológica
Assim como a bariátrica, a
cirurgia metabólica exige uma preparação dos pacientes por uma equipe
multidisciplinar, o que costuma levar cerca de oito meses. Nesse período é
preciso ter acompanhamentos de cardiologistas, nutricionistas, psicólogos e até
psiquiatras. “É semelhante à bariátrica. O paciente diabético deve seguir uma
dieta especial, seja ele operado ou não. Mesmo depois da cirurgia ele deve ter
uma alimentação balanceada e extremamente controlada”, diz o coordenador de
cirurgias metabólicas.
Saiba mais
A cirurgia metabólica é um
tratamento para diabetes autorizado pelo Conselho Federal de Medicina em 2017.
Até o ano passado, porém, o procedimento era feito apenas em hospitais
particulares. O DF é pioneiro a esse respeito: foi a primeira unidade da
Federação a fazer a operação na rede pública. Atualmente, pelo menos mais três
estados – Bahia, São Paulo e Paraná – também fazem a cirurgia pelo SUS.
Pacientes interessados em se
submeter à cirurgia metabólica devem procurar, inicialmente, uma Unidade Básica
de Saúde (UBS). O médico clínico pode encaminhar para o tratamento depois de
avaliar o paciente.
Na sexta feira 26 de junho, foi
comemorado o Dia Nacional do Diabetes, data que surgiu em parceria entre o
Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é
conscientizar os brasileiros sobre a doença, que afeta 10% da população de todo
o mundo.